quinta-feira, 4 de agosto de 2016

O Evangelho dominical - 07.08.2016

NECESITAMO-LOS MAIS DO QUE NUNCA

As primeiras gerações cristãs viram-se muito rapidamente obrigadas a colocar-se uma questão decisiva. A vinda de Cristo ressuscitado demorava mais do que se tinha pensado de início. A espera tornava-se longa. Como manter viva a esperança? Como não cair na frustração, no cansaço ou no desalento?
Nos evangelhos encontramos diversas exortações, parábolas e chamadas que só têm um objetivo: manter viva a responsabilidade das comunidades cristãs. Uma das chamadas mais conhecidas diz assim: «Tende cingida a cintura e acesas as lâmpadas». Que sentido pode ter estas palavras para nós, depois de vinte séculos de cristianismo?
As duas imagens são muito expressivas. Indicam a atitude que hão de ter os criados que estão à espera de noite que regresse o seu senhor, para abrir-lhe o portão da casa quanto chame. Hão de estar com «a cintura cingida», quer dizer, com a túnica arregaçada para poderem mover-se e atuar com agilidade. Hão de estar com «as lâmpadas acesas» para ter a casa iluminada e manterem-se despertos.
Estas palavras de Jesus são também hoje uma chamada a viver com lucidez e responsabilidade, sem cair na passividade ou na letargia. Na história da Igreja há momentos em que se cai a noite. No entanto, não é a hora de apagar as luzes e nos pormos a dormir. É a hora de reagirmos, despertar a nossa fé e seguir caminhando para o futuro, inclusive numa Igreja velha e cansada.
Um dos obstáculos mais importantes para impulsionar a transformação que necessita hoje a Igreja é a passividade generalizada dos cristãos. Desgraçadamente, durante muitos séculos temos educado, sobretudo, para a submissão e a passividade. Todavia hoje, às vezes parece que não os necessitamos para pensar, projetar e promover caminhos novos de fidelidade para Jesus Cristo.
Por isso, temos de valorizar, cuidar e agradecer tanto o despertar de uma nova consciência em muitos leigos e leigas que vivem hoje a sua adesão a Cristo e a sua pertença à Igreja de um modo lúcido e responsável. É, sem dúvida, um dos frutos mais valiosos do Vaticano II, primeiro concílio que se ocupou direta e explicitamente deles.
Estes crentes podem ser hoje o fermento de umas paróquias e comunidades renovadas em torno de seguirmos fiéis a Jesus. São o maior potencial do cristianismo. Necessitamo-los mais do que nunca para construir uma Igreja aberta aos problemas do mundo atual, e próxima dos homens e mulheres de hoje.
José Antonio Pagola
Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Perez

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