Para as
putas, os cheira colas, os trombadinhas, os brancos convalescentes, os pedintes,
e os que vivem nas palafitas
Ainda espero pelos dias que não
tentarei explicar as coisas.
Espero pelo mundo que ver
significa exatamente isso: ver.
Espero, espero pelas flores que
brotarão em pleno asfalto quente.
Um dia morrerei de tanto ver as
coisas.
Como pode achar poesia em meio a tanto lixo?
- Vivo a reciclar palavras sujas, desbotadas.
Vejo, eu vejo esse mundo, meu mundo...
Como pode achar poesia em meio a tanto lixo?
- Vivo a reciclar palavras sujas, desbotadas.
Vejo, eu vejo esse mundo, meu mundo...
Espero ansiosamente por poder
tocar as terras com as mãos sujas de manga, com os dentes emaranhados de
sorrisos ao fim da tarde.
Espero que Deus me ouça!
Espero que Deus me ouça!
Espero pelos jambos, espero que
os significados se destruam desde dentro.
Espero, suspiro, espero.
Espero, suspiro, espero.
Um dia, os bêbados, os cheira
cola, as putas, as bichas, negros, brancos convalescentes, pedintes, serão
elevados aos céus. Espero, assim espero!
Os cidadãos de bem ficarão
abismados ao descobrirem que Deus sempre escolhe as ovelhas que fogem dos
rebanhos.
Assim espero!
Assim espero!
Admiro quem consegue esperar
sentado no chão de uma palafita.
Quanta coragem!
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Eu vejo as
putas,
Eu vejo as putas,
Mas você não as vê?
Vejo também mendigos,
Vejo, os vejo!
Vejo trombadinhas com suas
garrafas de cola enfiadas no nariz,
vejo, eu vejo!
Vejo as bixas humilhadas vendendo
seus corpos por tostões furados,
eu vejo!
Vejo ambulantes suados,
vejo corpos entulhados em metrôs,
eu vejo!
De um mero enchergador
eu me tornei alguém que vê as coisas,
alguém que as encara de frente,
Alguém que não as repudia
Alguém que sabe que alguém está sofrendo
Alguém que vê!
Engraçado, as vezes temos olhos e não vemos!
Eu vejo as putas,
Mas você não as vê?
Vejo também mendigos,
Vejo, os vejo!
Vejo trombadinhas com suas
garrafas de cola enfiadas no nariz,
vejo, eu vejo!
Vejo as bixas humilhadas vendendo
seus corpos por tostões furados,
eu vejo!
Vejo ambulantes suados,
vejo corpos entulhados em metrôs,
eu vejo!
De um mero enchergador
eu me tornei alguém que vê as coisas,
alguém que as encara de frente,
Alguém que não as repudia
Alguém que sabe que alguém está sofrendo
Alguém que vê!
Engraçado, as vezes temos olhos e não vemos!
(Estou aprendendo a transitar pelo submundo das coisas)
Paulo Henrique
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