terça-feira, 16 de agosto de 2016

Semana da Familia

Semana da Família: Procurados pela misericórdia
O orgulho e a autossuficiência trazem desarmonia aos nossos relacionamentos: ambição, medo, competição, dominação. Imaginamo-nos deuses, mas, no fundo, sabemos que somos muito frágeis e que o fracasso e o nada nos rondam. Então passamos a viver de máscaras e fantasias que nos escondem, falsificam e impedem de viver e de crescer.
Quem se julga grande e carrega malas e mais malas de créditos e méritos diante da esposa ou esposo, dos filhos e filhas, dos pais, dos vovôs ou dos netos, de Deus ou de quem quer que seja, é camelo que engordou e não pode passar pelo buraco da agulha, não consegue entrar na lógica do Evangelho, não consegue embarcar no dinamismo do Reino de Deus.
O pecado nos rouba a paz, escurece o olhar, distorce o pensar e o sentir; provoca vergonha e nos conduz a esconderijos que pouco conseguem esconder. Mas é próprio de um Deus misericordioso colocar amor no nosso caos, serenidade na nossa perturbação, ternura na nossa rigidez, acolhida no nosso desespero, perdão nas nossas culpas. Como aquele pai do filho que o abandonou e voltou desolado...
O Papa Francisco nos lembra que a misericórdia é o coração pulsante do Evangelho e o distintivo ou arquitrave da Igreja. Tanto na vida da Igreja como na nossa vida pessoal, nada pode ser desprovido de misericórdia. Às vezes a compaixão e a misericórdia com que Deus nos trata parece inacreditável, inadmissível, impossível. Mas Jesus ensina: “Para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível”.
Como ele faz isso? Cercando-nos de amor incondicional e levando-nos à consciência dos nossos limites e erros. Assim, o camelo do nosso orgulho e falsa perfeição vai diminuindo de estatura e se tornando pequeno e insignificante, de modo que podemos passar pelo buraco da agulha. Ou então vai forçando o buraco da agulha, alargando as portas da sua misericórdia, reduzindo suas exigências a nosso respeito. Como pai e mãe que é, Deus não se conforma em ver seus filhos e filhas distantes e sofridos.
É ainda o Papa Francisco quem nos lembra que nenhuma família é uma realidade perfeita e acabada, mas requer que cresçamos continuamente na capacidade de amar. O amor do Deus uno e trino e o amor de Jesus Cristo por sua Igreja estimulam e interpelam a família a ser dom de amor sempre mais pleno e universal. Mas também nos ensina a não esperar que a família seja o céu na terra, a meta alcançada no meio da caminhada. Por isso, que ninguém julgue ou condene com dureza as imperfeiçoes e fragilidades do outro. Todos somos chamados a tender para uma perfeição sempre maior no amor.
Por fim, o individualismo não pode levar nossas famílias a se fecharem na segurança do próprio ninho. Deus confiou à família a missão de tornar o mundo inteiro uma realidade doméstica e familiar, um ambiente de acolhida e compaixão no qual todas as pessoas possam se sentirem e serem de fato reconhecidas como irmãs. Para quem assim alarga as paredes da casa, Jesus tem uma promessa: toda pessoa que relativizar casas, irmãos e irmãs, pai e mãe, filhos e campos por causa dele, recebera cem vezes mais e terá como herança a vida eterna.
Portanto, famílias: avancem, continuem a caminhar! O que lhes é prometido é sempre mais. Não percam a esperança por causa dos próprios limites. Mas também não renunciem à busca da maturidade no amor e da comunhão que lhes é prometida. Somos procurados, amados e curados por um Deus apaixonado! Na família, sejamos misericordiosos como o Pai é misericordioso conosco.
Itacir Brassiani msf

(Reflexão no terceiro dia da Semana da Família [16.08.2016], Paroquia São Sebastião, Bairro Kennedy, Contagem, MG)

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