quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

O Evangelho dominical - 11.12.2016

CURAR FERIDAS

A atuação de Jesus deixou João Batista desconcertado. Ele esperava um Messias que extirparia do mundo o pecado impondo o julgamento rigoroso de Deus, não um Messias dedicado a curar feridas e a aliviar sofrimentos. A partir da prisão, envia uma mensagem a Jesus: «És Tu o que tinha de vir ou temos de esperar por outro?».
Jesus responde-lhe com a Sua vida de profeta curador: «Ide contar a João o que estais vendo e ouvindo: os cegos vêm, os coxos andam; os leprosos ficam limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se a boa nova». Este é o verdadeiro Messias: O que vem para aliviar o sofrimento, curar a vida e abrir um horizonte de esperança aos pobres.
Jesus sente-se enviado por um Pai misericordioso que quer para todos um mundo mais digno e feliz. Por isso entrega-se a curar feridas, curar doenças e libertar a vida. E por isso pede a todos: «Sede compassivos como o vosso Pai é compassivo».
Jesus não se sente enviado por um Juiz rigoroso para julgar os pecadores e condenar o mundo. Por isso não atemoriza ninguém com gestos justiceiros, pelo contrário oferece a pecadores e prostitutas a Sua amizade e o Seu perdão. E por isso pede a todos: «Não julgueis e não sereis julgados».
Jesus não cura nunca de forma arbitrária ou por puro sensacionalismo. Cura movido pela compaixão, procurando restaurar a vida dessas pessoas doentes, abatidas e quebradas. São as primeiras que hão de experimentar que Deus é amigo de uma vida digna e sã.
Jesus não insistiu nunca no carácter prodigioso das Suas curas nem pensou nelas como receita fácil para suprimir o sofrimento no mundo. Apresentou a Sua atividade de cura como sinal para mostrar aos Seus seguidores em que direção temos de atuar para abrir caminhos a esse projeto humanizador do Pai que Ele chamava «reino de Deus».
O papa Francisco afirma que «curar feridas» é uma tarefa urgente: «Vejo com claridade que o que a Igreja necessita hoje é capacidade de curar feridas». Fala logo de «nos responsabilizarmos pelas pessoas, acompanhando-as como o bom samaritano, que lava, limpa e consola». Fala também de «caminhar com as pessoas na noite, saber dialogar e inclusive descer à sua noite e obscuridade sem nos perdermos».
Ao confiara Sua missão aos discípulos, Jesus não os imagina como doutores, hierarcas, liturgistas ou teólogos, mas como quem cura. Sempre lhes confia uma dupla tarefa: curar doentes e anunciar que o reino de Deus está próximo.
José Antonio Pagola
Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Perez

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