quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

O Evangelho dominical - 25.12.2016 - Natal

UM DEUS PRÓXIMO
O Natal é muito mais que todo esse ambiente superficial e manipulado que se respira estes dias nas nossas ruas. Uma festa muito mais profunda e alegre que todos os sistemas da nossa sociedade de consumo.
Temos que recuperar de novo o coração desta festa e descobrir detrás de tanta superficialidade e agitação o mistério que dá origem à nossa alegria. Temos que aprender a «celebrar» o Natal. Nem todos sabem o que é celebrar. Nem todos sabem o que é abrir o coração à alegria.
E, no entanto, não entenderemos o Natal se não sabemos fazer silêncio no nosso coração, abrir a nossa alma ao mistério de um Deus que se aproxima de nós, alegrar-nos com a vida que se nos oferece e saborear a festa da chegada de um Deus Amigo.
No meio do nosso viver diário, por vezes tão aborrecido, apagado e triste, somos convidados à alegria. «Não pode haver tristeza quando nasce a vida» (S. Leão Magno). Não se trata de una alegria insípida e superficial, a alegria de quem não sabe por que está alegre. «Temos motivos para o júbilo radiante, para a alegria plena e para a festa solene: Deus fez-se homem e veio viver entre nós» (L. Boff). Há uma alegria que só pode desfrutar quem se abre à aproximação de Deus e se deixa atrair pela Sua ternura.
É uma alegria que nos liberta de medos, desconfianças e inibições ante Deus. Como temer um Deus que se nos aproxima como um Menino? Como esquivar-se a quem se nos oferece como um Pequeno, frágil e indefenso? Deus não veio armado de poder para impor-se aos homens. Aproximou-se com a ternura de um Menino a quem podemos acolher ou rejeitar.
Deus não é o Ser «omnipotente» e «poderoso» que nós imaginamos, fechado na seriedade e no mistério de um mundo inacessível. Deus é este Menino entregue carinhosamente à humanidade, este Pequeno que procura o nosso olhar para nos alegrarmos com o Seu sorriso.
O acontecimento de um Deus que se fez menino diz muito mais sobre como é Deus do que todas as nossas reflexões e especulações sobre o Seu mistério. Se soubéssemos deter-nos em silêncio ante este Menino e acolher desde o fundo do nosso ser toda a proximidade e ternura de Deus, talvez entendêssemos porque o coração de um crente deve estar afetado de uma alegria diferente nestes dias de Natal.
José Antonio Pagola
Tradutor: Antonio Manuel Álvarez Perez

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