quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

O Evangelho dominical - 11.02.2018

AMIGO DOS EXCLUÍDOS

Jesus era muito sensível ao sofrimento de quem encontrava no Seu caminho, marginados pela sociedade, esquecidos pela religião ou rejeitados pelos setores que se consideravam moral ou religiosamente superiores.
É algo que lhe sai de dentro. Sabe que Deus não discrimina ninguém. Não rejeita nem excomunga. Ele não é só dos bons. A todos acolhe e abençoa. Jesus tinha o costume de levantar-se de madrugada para orar. Em certa ocasião revela como contempla o amanhecer: «Deus faz sair o Seu sol sobre bons e maus». Assim é Ele.
Por isso, às vezes ele reclama com força e pede que cessem todas as condenações: «Não julgueis e não sereis julgados». Outras vezes, narra uma pequena parábola para pedir que ninguém se dedique a «separar o trigo e a joio», como se fosse o juiz supremo de todos.
Mas o mais admirável é a Sua atuação. O traço mais original e provocativo de Jesus é o Seu hábito de comer com pecadores, prostitutas e pessoas indesejáveis. O fato é insólito. Nunca se tinha visto em Israel a alguém com fama de «homem de Deus» comendo e bebendo animadamente com pecadores.
Os dirigentes religiosos mais respeitáveis não puderam suportar. A sua reação foi agressiva: «Aí tendes a um comilão e bêbado, amigo de pecadores». Jesus não se defendeu. Era certo, pois no mais íntimo do Seu ser, sentia um respeito grande e cultivava uma amizade comovedora para com os rejeitados pela sociedade ou pela religião.
O evangelista Marcos recolhe no seu relato a cura de um leproso para destacar essa predileção de Jesus pelos excluídos. Jesus está atravessando uma região solitária. De repente aproxima-se um leproso. Não vem acompanhado por ninguém. Vive na solidão. Leva na sua pele a marca da sua exclusão. As leis condenam-no a viver afastado de todos. É um ser impuro.
De joelhos, o leproso faz a Jesus uma súplica humilde. Sente-se sujo. Não lhe fala de doença. Só quer ver-se limpo de todo estigma: «Se queres, podes limpar-me». Jesus comove-se ao ver a Seus pés aquele ser humano desfigurado pela doença e o abandono de todos. Aquele homem representa a solidão e o desespero de tantos estigmatizados. Jesus «estende a Sua mão» procurando o contato com a pele dele, «toca-lhe» e diz-lhe: «Quero, fica limpo!»
Sempre que discriminamos diferentes grupos humanos (vagabundos, prostitutas, toxicômanos, psicóticos, imigrantes, homossexuais...)  a partir da nossa suposta superioridade moral e os excluímos da convivência negando-lhes o nosso acolhimento estamos nos afastando gravemente de Jesus.
José Antonio Pagola

Tradução de Antonio Manuel Álvarez Perez

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